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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Só queria que fossem caracóis...

Hoje, vou começar a contar uma história verídica que há muito queria contar...

(pintura a aguarela)
 
Existem histórias nas nossas vidas que conhecemos muito bem, como se fossem nossas ou mesmo nossas. Existe, a altura certa que queremos partilhar com os outros a história que guardamos dentro de nós…
 
Esta história passou-se em 1977, é uma história verídica que fala de Mariana, uma jovem com dezassete anos, alta, morena e sempre muito alegre, sentia que todos os seus colegas de liceu gostavam de estar com ela, talvez porque Mariana estava sempre bem-disposta, estava no primeiro ano do antigo curso complementar do liceu, parecia vender saúde, mas mal ela sabia que ficaria um ser muito frágil.
 

AGRADECIMENTOS

  Ao pai que já não está entre nós, Mariana nunca lhe agradeceu…ele esteve sempre lá… quando no hospital vinham as más noticias, ele era a sua varinha de condão, nunca foi de dar beijos, mas Mariana sabia que aquela sua maneira de ser é que lhe dava força para enfrentar o que estivesse para vir. Muito obrigada por teres sido assim, foste o seu herói, foste o melhor pai do Mundo. 
 
À sua mãe, um muito obrigada por ter aquela paciência que só uma mãe sabe ter. 
 
À sua irmã, um agradecimento muito especial, esteve sempre lá…  
 
Ao seu irmão casulo que nunca percebeu bem o que se estava a passar, e ainda bem, um beijo grande. 
 
À sua colega Clarisse e à sua melhor amiga, Lucília, muito obrigada pela força e ajuda.  
 
A todos os professores que passaram-na de ano, apesar de não ter frequentado o terceiro período de aulas, um muito obrigada.

Um agradecimento muito especial ao seu médico e a todas as enfermeiras, deram-lhe muito carinho que Mariana nunca os irá esquecer.
 

Só queria que fossem caracóis… 

Um dia, Mariana estava numa aula de ciências quando ficou muito mal disposta, começou a olhar para o professor com alguma dificuldade.
Na semana anterior enquanto estudava com algumas amigas no pátio do liceu, jogavam à bola um grupo de rapazes, subitamente a bola veio em direcção às raparigas e bateu em cheio na cabeça de Mariana, esta ficou um pouco atordoada e um pouco confusa, sem saber bem o que tinha acontecido.

Voltando à aula de ciências, estava tão mal disposta que teve de comentar com a colega Clarisse, esta logo de imediato disse ao professor Baptista, o professor reparou que Mariana realmente não estava nada bem, pediu à Clarisse que a levasse a casa. Foram as duas a pé, a casa de Mariana era longe do liceu, levaram algum tempo a chegar. 
 
Ao chegar a casa, Mariana foi para o seu quarto, a mãe, dona Sofia ficou muito preocupada com o sucedido. A amiga Clarisse regressou às aulas e comentou com os colegas e professores que Mariana não estava melhor.
 
À hora do almoço, o pai, David veio almoçar a casa como de costume e ao olhar para a filha, reparou que esta tinha a boca puxada para o lado esquerdo e tinha dificuldade a falar. O comer para ela começou a ser o seu pior inimigo, a vontade de comer foi-se embora, sempre que comia tinha vontade de vomitar, era tudo muito estranho, o que estaria a acontecer, começaram todos a ficar muito preocupados.
Passados alguns dias Mariana continuava na mesma, passava os dias a dormir, a noite para ela era o dia e o dia a noite, deixou de haver dia e noite pois os dois eram um só, todo o tempo era passado a dormir. Para comer, a mãe tinha que acordá-la, aquilo não podia continuar, estava na altura de levar Mariana ao médico, mas a que médico, talvez começar pelo médico de família...
(continua)