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segunda-feira, 27 de outubro de 2008


Flores e frutos do marmeleiro




Curiosidades:

Os marmeleiros (Cydonia vulgaris) crescem como arbusto ou árvore até quase à altura de quatro metros. Os marmelos têm sementes, que na água soltam uma substância viscosa.
No Cáucaso, Amênia, Ásia Menor e parte da Pérsia crescem marmeleiros silvestres, e na velha Grécia as «maçãs de ouro» eram consagradas à deusa do amor, Afrodite. Como muitas outras rosáceas, os marmelos chegaram até nós através da Grécia e da Itália.
Nas disposições agrárias . de Carlos Magno já aparecem citados. Bem maduros podem consumir-se crus...


retirado da net " Saúde Através da Alimentação Natural"




Depois desta breve apresentação as fotos dos docinhos que estive a fazer hoje para começar bem a semana.


UMA BOA SEMANA DOCE!!!




(marmelada, geleia de marmelo com avelãs raladas e marmelos assados )


(marmelada)


(geleia de marmelos com avelãs raladas)


(marmelos assados )

Alguns trabalhinhos em lã


Pegas feitas em lã com aplicações forma de frutos



sexta-feira, 24 de outubro de 2008

BOM FIM DE SEMANA !!!
Imagem tirada da net


Se sou alegre ou sou triste?...

Se sou alegre ou sou triste?...

Francamente, não o sei.
A tristeza em que consiste?
Da alegria o que farei?

Não sou alegre nem triste.
Verdade, não sou o que sou.
Sou qualquer alma que existe
E sente o que Deus fadou.


Afinal, alegre ou triste?
Pensar nunca tem bom fim...
Minha tristeza consiste
Em não saber bem de mim...
Mas a alegria é assim...

Fernando Pessoa

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Quando as crianças brincam...

Mais um poema lindo de Fernando Pessoa sobre as crianças ...

Quando as crianças brincam

Quando as crianças brincam

E eu as ouço brincar,

Qualquer coisa em minha alma

Começa a se alegrar


E toda aquela infância

Que não tive me vem,

Numa onda de alegria

Que não foi de ninguém.


Se quem fui é enigma,

E quem serei visão,

Quem sou ao menos sinta

Isto no meu coração.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

UMA BOA SEMANA !!!




No silêncio dos olhos


Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?


José Saramago
Os Poemas Possíveis

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

BOM FIM DE SEMANA!!!

Fernando Pessoa
Gnomos do luar que faz selvas

Gnomos no luar que faz selvas
As florestas sossegadas,
Que sois silêncios nas relvas,
E em aléas abandonadas
Fazeis sombras enganadas,

Que sempre se a gente olha
Acabastes de passar
E só um tremor de folha
Que o vento pode explicar
Fala de vós sem falar,

Levai-me no vosso rastro,

Que em minha alma quero ser
Como vosso corpo, um astro
Que só brilha quando houver
Quem o suponha sem ver.

Assim eu que canto ou choro
Quero velar-me a partir.
Lembrando o que não memoro,
Alguns me saibam sentir,
Mas ninguém me definir.




segunda-feira, 13 de outubro de 2008


Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...



De: Fernando Pessoa
BOA SEMANA !!!!!!!!!!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mais um poema de que gosto muito, desta vez de José Régio...

Cântico Negro


"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.---
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide!
tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,---
Sei que não vou por aí.

José Régio